Plantio de Soja se estende em MT
Irregularidade das chuvas tem prejudicado o desenvolvimento das lavouras e limitado a janela para o plantio do milho.
AGRO
10/26/20253 min read


Apesar de avanços pontuais em algumas regiões, a Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja-MT) tem demonstrado preocupação com o andamento da safra 2025/2026. O estado enfrenta um período de estiagem prolongada, temperaturas elevadas e chuvas mal distribuídas, fatores que vêm afetando diretamente a germinação e o desenvolvimento das plantações.
Em várias localidades, os agricultores relatam dificuldades no estabelecimento das lavouras, reflexo da falta de regularidade das chuvas. Esse cenário de instabilidade climática provoca atrasos no cultivo da soja e gera preocupação quanto ao plantio do milho de segunda safra, que pode sofrer redução na janela ideal de semeadura caso o tempo seco continue. A situação evidencia a necessidade de investir em estratégias de manejo sustentável, tecnologias de adaptação climática e planejamento agrícola para minimizar os impactos do clima sobre a produção rural.
O presidente da entidade, Lucas Costa Beber, destaca que o problema atinge diversos municípios.
“Este ano a chuva realmente não está sobrando, ela tem vindo a conta-gotas. Em regiões como Sorriso, Diamantino, Lucas do Rio Verde, Colíder e Campo Verde, o cenário é o mesmo, lavouras travadas e produtores interrompendo o plantio pela falta de chuva. Diferente de outros anos, quando a chuva podia até atrasar, mas depois firmava, agora ela vem, o produtor acredita que vai continuar, planta uma parte e logo precisa parar e parte dessa soja já plantada germina mal, fica com estande mal distribuído, as plantas com porte reduzido. É um ano totalmente diferente.”
Segundo ele, os relatos vindos de diversas regiões mostram que o problema vai além do atraso no plantio, atingindo também lavouras já estabelecidas, que sofrem estresse hídrico. Em municípios mais adiantados, como Sorriso, onde cerca de 85% da área já está plantada, as plantas apresentam porte reduzido e folhas menores em razão do calor intenso e da escassez de umidade, o que pode comprometer a produtividade final. Há ainda registros de replantio em alguns pontos do estado, o que gera custos adicionais — cerca de 10 sacas de soja por hectare — e aumenta o risco de atrasar o plantio do milho safrinha.
Em Campo Verde, o coordenador do núcleo da Aprosoja, Rafael Marsaro, relata dificuldades semelhantes. “Iniciamos o plantio com a umidade das chuvas de setembro, mas depois passamos 15 dias sem precipitação. As lavouras com 30 dias estão com desenvolvimento muito abaixo do esperado. O solo está seco e não consegue reter umidade. O plantio continua, mas a produtividade está em risco. A janela do algodão já se fechou, e a do milho começa a ficar comprometida”, afirma.
Marsaro ressalta ainda que os dados oficiais de plantio não mostram a real situação do campo. Apesar de muitas áreas já estarem semeadas, o crescimento das plantas é lento e irregular. “Há áreas com quase um mês de plantio e desenvolvimento limitado, outras com 15 dias ainda germinando e algumas que nem chegaram a emergir. Aqui na minha propriedade, aguardamos as chuvas previstas para a próxima semana. A janela do algodão já passou, e embora eu tenha ajustado o planejamento para o milho, a maioria dos produtores não tem essa opção. A produtividade da soja já está comprometida”, explicou.
Além do desafio climático, o alto custo de produção e as dificuldades no acesso ao crédito rural aumentam a pressão sobre os agricultores neste início de safra. A Aprosoja-MT continua acompanhando o andamento do plantio em todas as regiões do estado e reforça seu compromisso em buscar soluções e políticas públicas que ajudem o setor a enfrentar os impactos econômicos e climáticos deste ciclo agrícola.
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